terça-feira, 4 de maio de 2010

Pósfácio

Antes de começar a escrever esse texto, refleti profundamente se o faria, pois trata-se de um assunto meio pessoal, que torna parte de minha vida "pública", mas no final resolvi que escreveria sim, pois o referente texto diz à respeito de parte da minha história e por mais que cada pessoa tenha sua própria história, ela não é singular, ou seja, não foi formada exclusivamente por ações isoladas de um indivíduo, e sim à partir de conflitos desse indivíduo com outros, gerando assim os fatos vividos e experimentados, pluralizando sua própria história, como uma rede de aranha, onde cada intersecção da teia fosse um fato e as teias ao redor, as pessoas, por isso não achei de bom grado guardar esse texto na minha cabeça, ou em um pedaço de papel, pois diversas pessoas contribuíram para minha história, e é por elas, que esse texto esta aqui.
Eram exatamente duas horas e cinquenta minutos da madrugada e eu estava tentando dormir, juro que estava, pois tinha finalizado metade do trabalho de Brasil Colonial I e estava com sono, mas assim que deitei sobre minha cama comecei a pensar sobre assuntos variados e no meio desse vendaval que se passava em minha cabeça e teimava a continuar numa hora infeliz, me veio um assunto nostálgico e gratificante ao mesmo tempo, um capítulo importante dos meus breves vinte e um anos de idade e que fez minha vida dar uma guinada de forma violenta, no bom sentido, mas esse capítulo não foi um acontecimento exclusivo meu, e sim de vários jovens que aspiram por um futuro promissor, que é o ingresso a universidade desejada.
Consegui esse feito nesse ano de 2010 e fiquei muito feliz, pois não acreditava que isso poderia ser possível, ainda mais em um ano totalmente atípico para mim que foi 2009, mas a ficha ainda não tinha caído, pois passei anos tentando e fique tão acostumado a não ver meu nome naquela bendita lista que não podia acreditar no que realmente tinha acontecido. Ela somente caiu no dia da matrícula, quando a mulher da secretaria me deu a carterinha provisória e um papel que confirmava que eu tinha efetivado minha matrícula e que a partir daquele momento era realmente um aluno USP, só que a volta para Guarulhos é longa e como dizia Rafael Ruiz, meu antigo professor de América Colonial na Unifesp, ''a Dutra é longa e por isso, um bom lugar para pensar" e foi o que aconteceu, quando você chega ao final de algum trajeto, começa a pensar no seu início em todos os seus passos até chegar nesse exato momento, falo que esse tipo de pensamento não é algo exclusivo de historiadores, mas das pessoas em geral, - um exemplo disso, são as retrospectivas que todos os alunos fazem, seja na formatura de nono ano, antiga oitava série, seja de terceiro ano do colegial - e constatei que eu poderia dividi-lo cinco partes: meados de 2003, de 2004 à 2006, 2007, 2008 e 2009.
Estranho pensar que a gênese da minha aprovação na USP reside em 2003, ou seja, no meio do meu nono ano, na época oitava série, pois a priori é algo tão distante, tão remoto que acaba fugindo de uma análise, mas parando para pensar, aconteceram coisas nesse ano que adiaram - não posso afirmar isso viementemente, mas com 90% de certeza - meu futuro ingresso na universidade. Esse fato lembro claramente, estudava
ainda no Colégio Torricelli e companheiro de toda sala, mas em especial de três, eram as pessoas que melhor me identificava e andávamos sempre juntos, fazíamos trabalhos juntos e íamos as casas de cada um também, éramos meio bobinhos, não pensavamos em garotas ou em malícia, ou se pensávamos, nossa personalidade não deixava transparecer. Por volta de maio de 2003, um deles contou que iria mudar para o período da manhã - estudávamos à tarde - pois queria mudar de colégio, queria estudar na CEFET, a famosa Federal, e queria fazer cursinho a tarde para prestar a prova e nos convidou para mudar-mos junto com ele, mas como disse acima, éramos bobos e eu o mais e por motivos que hoje me arrependo profundamente, disse que continuaria a tarde, e assim se sucedeu.
E qual foi a conclusão disso tudo? No começo de 2004, início do Ensino Médio, nós nos separamos, cada um seguiu seu caminho: um se mudou para São Paulo, outro se transferiu para o noturno e meu amigo que queria ir para a CEFET, foi para lá e posteriormente iria ingressar na POLI, e é assim que começa a segunda parte do trafeto: o Ensino Médio; o fiz no Torricelli mesmo, passei obrigatoriamente para o período manhã e conheci pessoas "novas" - aspas porque algumas eram da minha antiga sala no nono ano, e não me arrependo, pois é um bom colégio, com uma estrutura muito boa e um ótimo sistema de ensino, mas o que eu me arrependo é do meu pensamento na época: muito infantil que só pensava em assistir televisão e jogar video - game - disse que me arrependo e não que me condeno, pois esse pensamento, infelizmente, é corriqueiro em jovens adolescentes - , minha preguiça resultou em um Ensino Médio de mediano para péssimo, com um grande déficit de conteúdo escolar e de maturidade também comecei a entrar em desespero no final de 2006 - ainda bem - e pensei: e agora? acabou o colégio, o que vou fazer da minha vida? Meus amigos deram a resposta: vamos fazer cursinho juntos para entrar em uma boa Universidade!
Nessa minha decisão - inicialmente mais maria vai com as outras do que uma concientização realmente - começa a terceira parte do trajeto: O Curso Objetivo.
comecei a fazer cursinho com meus amigos em 2007 e a seguir o ritmo de estudos deles e vi o tamanho da minha defasagem, pois comparados aos meus amigos, eu era um jumento! Isso me deu um pique para estudar mais e pensava em passar em qualquer instituição, desde que ela não seja paga. O ambiente de cursinho é algo totalmente novo e contrastante para pessoas que acabaram de sair do médio, pois você tem total liberdade: professor não enxe o saco para você estudar, não ligam para sua mãe e não fazem reuniões de com pais e mestres, o aluno fica a merce de sua própria consciência. Conheci outras pessoas e dessas resultaram mais dois amigos que tenho contato até hoje. Prestei o vestibular no final do ano, mais especificadamente prestei para quatro instituições, que eram as básicas de universidades públicas em São Paulo, que eram a UNESP, UNICAMP, FUVEST e UNIFESP. Bombei nas duas primeiras, já esperava, mas me surpreendi com as duas últimas: fui para a segunda fase da FUVEST - algo totalmente inimaginável para mim - e passei na UNIFESP! Fiz a segunda fase mas bombei, fui mal, muito mal, não deu nem para o cheiro; no começo de 2008 qual foi meu saldo? Uma aprovação na UNIFESP e pela lógica eu deveria fazer minha matrícula nela, mas estamos falando de um Homem, um Ser-Humano, de um Ser totalmente imprevisível e por isso não segui a lógica lógica, segui a minha lógica, pois pensei que com um ano de cursinho já tinha ido para a segunda fase da FUVEST, com um segundo ano entraria com certeza e foi a partir daí que meu lado teimoso mostrou sua face, queria entrar na USP.
Em 2008 foi um novo recomeço, pois comecei de novo a fazer Objetivo só que dessa vez sozinho, uma vez que todos os meus amigos tinham conseguido a aprovação nas instituições que desejavam. Estudei muito, deixei minha vida pessoal de lado: não saia durante a semana e nem de final de semana, chegava às 7h no Objetivo e saía sempre as 20h - no mínimo - um ritmo alucinante que era como realmente tinha que ser, nem parecia aquele Delson de dois anos atrás do Torricelli; fiz novas amizades, e uma em especial, o estranho é que essa pessoa era do meu antigo colégio e lá nem nos dávamos bom dia, mas em 2008 começamos a conversar realmente e nos tornamos grandes amigos, pois tudo nessa vida é uma questão de afinidade com a personalidade. Prestei novamente os vestibulares, só que dessa vez não fiz UNESP, a troquei pela UFV e para meu espanto, passei em todas as que prestei, menos em uma, advinhem? a FUVEST, bati na trave novamente e fiquei muito frustrado, pois tinha me dedicado o ano inteiro para ela e vi que foi em vão e o pior, acompanhei pessoas no Objetivo que só pensavam em bagunçar e não estudavam nada, mas mesmo assim passavam! Fiquei descrente e tive que escolher entre as três que tinha passado: UFV, UNICAMP e UNIFESP.
2009, um ano totalmente atípico na minha vida! Por questões pessoais escolhi ficar com a UNIFESP - que ironia né?!?! - era em Guarulhos mesmo, então tudo bem, esqueci por completo minha ânsia pela USP e comecei uma vida nova, comecei a fazer História na UNIFESP, pois sempre soube que era História que queria fazer, mas não nessa instituição, mas comecei do mesmo jeito. Surgiu uma oportunidade de emprego no colégio da minha madrasta, um emprego como plantonista de exatas - um dos motivos do meu ano 2009 ser atípico, estudava História, mas lecionava exatas - e o aceitei sem pestanejar. Um fato cuirioso acontecei constantemente na UNIFESP, nas aulas eu os professores sempre faziam referência a USP "porque esse autor fez Pós na USP" ou "a USP foi fundade desse jeito" eram frases constantes que ouvia nas aulas e vi que isso era um sinal - na verdade eu interpretei dessa forma porque era mais conveniente e confortante para mim - de tentar prestar di novo, e o que eu fiz? comecei a fazer cursinho concomitante ao Saint Germain e a UNIFESP. Minha rotina virou corrida, de manhã fazia cursinho - tentava, pois devido ao cansaço não era muito assíduo - ia trabalhar no Saint Germain a tarde e depois corria para a UNIFESP, não tinha tempo para nada e às vezes o cansaço era tanto que nos fins de semana ficava totalmente apático para as coisas, até para os estudos. E para piorar as coisas, mudanças foram feitas nos vestibulares: o ENEM serviria como fase única para as FEDERAIS, e UNESP mudou seu formato de prova, até ai tudo bem, pois tinha botado na minha cabeça que só prestaria USP dessa vez, mas até a USP tinha mudado sua segunda face! Durante o ano fui apenas levando as coisas, tava desesperançoso com a FUVEST, meus amigos até me apoiavam, afinal eram meus amigos e não iam me botar para baixo contando a verdade. Fiquei muito amigo de dois caras, um eu era da época de Torri e outro conheci por intermédio do primeiro. E se vocês me perguntassem se não teve nada de bom nesse 2009, se não aconteceu nada de positivo, eu diria que sim e tudo começou com um "cara, tem uma garota afim de você", ou seja, na UNIFESP conheci uma garota, uma garota não, A GAROTA, começamos a ficar juntos numa festa de uma amiga nossa e fomos ficando...ficando...e fui conhecendo essa pessoa cada vez mais e vendo como ela me fazia bem, como eu gostava de ficar ao seu lado e percebendo o quanto ela estava começando a ser importante para mim, não preciso nem dizer que essa pessoa hoje é minha namorada - e posso falar sem nenhum pudor que ela foi a melhor coisa que já me aconteceu. Conclusão desses anos? A vida cobra tudo o que você faz, chego a pensar que os 3 anos de cursinho são análogos aos 3 anos de Ensino Médio, SE eu tivesse estudado, SE eu tivesse feito aquilo, não gosto de "SEismos"
, prefiro pensar que se eu não tivesse passado por isso tudo, não teria as coisas que tenho hoje e que atualmente são importantes para mim!

Um comentário:

  1. Verdade Del, se não fossem os 3 anos d biju, vc não seria meu amigo e sua vida ia ser infeliz =/
    Mas esses dias eu tb pensei sobre isso, e realmente esses 3 anos valeram mto a pena neh. tudo oq aconteceu teve uma importancia mto grande pra mim. Agora só nos resta saber aproveitar as oportunidades q temos da melhor forma possivel :D
    e ve se dorme em vez d escrever biografias!

    Bezooo saudade

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